
Poços de Caldas – MG
Professora das redes municipal e estadual
1. Conte um pouco sobre sua formação, trajetória acadêmica e atuação no Ensino de Matemática.
“Desde criança, meus pais me incentivaram a brincar com jogos e atividades que envolviam lógica e matemática. Essa curiosidade foi crescendo comigo e, quando chegou a hora de escolher uma carreira, já sabia que queria seguir esse caminho. Escolhi a licenciatura em Matemática, tanto pela afinidade quanto pela acessibilidade, e minha primeira experiência foi no ensino de jovens e adultos, algo que transformou profundamente minha visão de ensino. Ali, com alunos de diferentes idades e vivências, aprendi o valor da empatia e da paciência. Vi como é essencial acolher as dificuldades dos estudantes e oferecer um ambiente onde eles se sentem à vontade para errar e aprender. Durante 14 anos de docência, sempre tento criar esse espaço seguro para meus alunos, onde eles podem fazer perguntas sem medo de julgamento. Sinto que essa abertura e confiança são o que torna nosso aprendizado mais verdadeiro e significativo.“
2. Por que fazer a OPMBr? Como foi participar da seleção e ser medalhista?
“Quando meu orientador me falou da OPMBr, fui com o coração aberto, mas sem grandes expectativas. Não achava que fosse chegar tão longe, muito menos ser medalhista. As etapas de seleção foram, para mim, acontecendo de maneira natural: na primeira fase, respondi uma prova onde pude mostrar meus conhecimentos e prática pedagógica; na segunda, gravei um vídeo com depoimentos de alunos e colegas sobre o impacto do meu trabalho, algo que me emocionou profundamente. Na última fase, pude compartilhar minha paixão pelo ensino e pela matemática em uma entrevista que coroou todo esse processo. Esse reconhecimento foi uma surpresa linda e me fez ver que a dedicação de todos os dias realmente faz diferença.”
3. Como foi o intercâmbio em Shanghai na China? Conte sobre a experiência das visitas nas empresas, escolas, universidades e outros lugares que gostaria de destacar.
“Shanghai foi uma experiência transformadora em vários sentidos. Quando vi como é o ingresso dos alunos no ensino médio na China, fiquei surpresa e um pouco chocada: apenas metade dos jovens tem a chance de seguir para o ensino médio regular. Isso os motiva a estudar intensamente desde cedo, o que acaba moldando toda a dinâmica educacional. Também fiquei impressionada com o tempo e o cuidado que os professores têm para planejar suas aulas e dar feedback aos alunos. Diferente de nós, eles conseguem se concentrar em menos turmas e têm o apoio de uma estrutura que realmente valoriza o tempo de planejamento. Isso me inspirou muito a repensar a organização do meu próprio trabalho e a valorizar ainda mais cada momento de preparação.”

4. O que achou da experiência do Teaching Research Group? Na sua opinião, daria para implementar nas escolas do Brasil?
“A experiência do Teaching Research Group foi reveladora e muito enriquecedora. Ver os professores se reunindo para discutir práticas, trocar ideias e aprimorar seus métodos me fez sonhar em ver algo parecido no Brasil. Sei que temos muitos desafios, como a alta carga horária dos professores e as jornadas duplas ou até triplas de trabalho, mas acredito que, com esforço, algumas escolas poderiam encontrar formas de viabilizar esse tipo de encontro. Seria incrível ver mais espaços onde os professores pudessem se apoiar e evoluir juntos.”
5. O que você destacaria sobre o Ensino de Matemática na China? Na sua opinião, depois de alguns anos, o que fez a China obter ótimos resultados em avaliações, como por exemplo no PISA?
“Na China, tudo parece planejado e estruturado de uma forma que realmente coloca a educação no centro. Os investimentos no desenvolvimento dos professores e a maneira como as políticas públicas incentivam a formação constante criam um ambiente onde o ensino de Matemática é levado muito a sério. É uma dedicação que transparece nos resultados, e acredito que esse comprometimento é o que faz a diferença nos números do PISA.”
6. Do aprendizado e modelo de ensino de Matemática na China, o que gostaria de levar ou já levou para a sua sala de aula?
“Voltei da China com uma vontade imensa de aprofundar cada conceito em vez de cobrir muitos tópicos de forma rápida. Esse foco no detalhe e na profundidade é algo que já comecei a implementar, tentando fazer com que cada tema ganhe um significado mais profundo para os alunos. Passei também a usar tarefas semanais, com feedback rápido, para que os estudantes vejam seu progresso e se sintam mais engajados. É gratificante ver como eles estão se dedicando mais, sabendo que vamos discutir os resultados juntos na semana seguinte.”

7. Fale um pouco dos Workshops sobre o intercâmbio na China que estão planejando. Como e quando será?
“Os workshops são uma oportunidade incrível para compartilhar o que aprendi e, ao lado de outros professores brasileiros, adaptar o que vimos na China para a nossa realidade. Nossa ideia é começar com encontros em nível local, por causa das nossas próprias cargas horárias, mas queremos expandir para diferentes formatos que possam atender escolas em qualquer lugar. Acredito que essa troca de experiências pode ser transformadora para todos nós e, no futuro, espero que esses encontros sejam sistematizados e se tornem momentos de muita aprendizagem e inovação.”
8. Após a participação no intercâmbio, sua vida profissional mudou?
“Com certeza. Sinto uma responsabilidade ainda maior com o aprendizado dos meus alunos e com o impacto que quero causar na educação. Além disso, venho participando de eventos educacionais que estão ampliando minha visão sobre a docência e me conectando a profissionais de destaque no cenário educacional brasileiro. Sinto que estou crescendo como educadora e como pessoa, e essa é uma mudança que levo comigo para a vida.”
9. Que conselhos você daria para os professores que desejam participar da próxima edição da OPMBr?
“Se você tem vontade de participar da OPMBr, vá com tudo! Acredite no valor do seu trabalho e no impacto que ele tem na vida dos seus alunos. Muitas vezes, nos sentimos isolados, achando que nosso esforço é pequeno, mas a verdade é que fazemos a diferença todos os dias. A OPMBr é uma chance de mostrar o que fazemos de melhor e de nos conectarmos com colegas incríveis que compartilham dessa mesma paixão.”
10. Gostaria de complementar mais algum detalhe?
“Gostaria apenas de reforçar o quanto essas experiências têm me feito crescer. Tanto a OPMBr quanto o intercâmbio em Shanghai me abriram os olhos para o potencial da colaboração entre educadores. Acho que estamos sempre aprendendo, e quanto mais dividimos nossas ideias e práticas, mais impacto conseguimos gerar na educação.”