Entrevista com o prof. Eduardo Wagner

4aO prof. Eduardo Wagner é Mestre em Matemática pelo IMPA.Engenheiro civil pela UFRJ.Professor do ensino médio e universitário. Professor dos cursos de capacitação de professores de ensino médio promovido pelo IMPA. Membro do Comitê Editorial da RPM (Revista do professor de Matemática). Membro do Comitê Executivo da Olimpíada Brasileira de Matemática. Autor de diversos livros dedicados ao professor de Matemática e ao treinamento para as olimpíadas. (Fonte: http://emap.fgv.br/people/eduardo.wagner.html)

  • Sua formação inicial foi em Engenharia Civil pela UFRJ. Que caminhos o levaram ao ensino da matemática?

Não foi um caminho, foi uma coisa que aconteceu de repente. A história foi assim. Eu tinha acabado de entrar para o curso de Engenharia da UFRJ e, certo dia do mês de março, fui visitar o cursinho pré-vestibular que tinha feito no ano anterior para ver meus professores. Quero dizer que tive excelentes professores no pré-vestibular e meu gosto e curiosidade pela Matemática foi intensificado muito nesse ano. Pois bem, estava na secretaria do cursinho conversando com todos e matando as saudades quando às 18:30h o diretor e dono do curso saiu sério do seu gabinete e me perguntou sem a menor cerimônia se eu gostaria de ser professor de Matemática. Fiquei atônito com a pergunta, mas respondi que sim. Ele então explicou que acabara de receber a triste notícia que o professor do turno da noite tinha tido um AVC, estaria fora de combate por muito tempo e que, por isso, a minha primeira aula começaria em 5 minutos. Gelei, é claro. Nunca tinha segurado um bastão de giz. Enquanto o diretor arrumava um jaleco para mim (naquele tempo todos usavam jaleco, também chamado de guarda-pó) eu perguntei apavorado que matéria o tal professor estava dando. O diretor abriu um sorriso e disse: “não importa, entre na sala, peça a um aluno para examinar seu caderno, veja onde está a matéria e continue”.

E assim foi. Comecei no tapa e lembro que não fui mal. Quando entrei na sala e anunciei que seria o professor, alguns alunos saíram (eu era mais jovem que a maioria). Mas não me intimidei. Examinei um caderno, vi que sabia a matéria, pensei como certo professor que gostava daria essa aula e procurei fazer da mesma forma. Por sorte deu certo e, com 15 minutos de aula, os alunos que tinham saído e estavam ouvindo do corredor retornaram e essa foi a minha primeira aula. Na verdade, adorei a experiência e depois desse dia nunca mais parei. Abandonei a engenharia seis meses depois de formado e passei a me dedicar integralmente ao ofício, e talvez a arte de ser professor.

  • Até pouco tempo atrás o senhor trabalhava com a Educação Básica em sala de aula. Poderia nos dizer, em sua opinião, o melhor e o pior de lecionar para a Educação Básica, comparando com o Ensino Superior?

Trabalhava não, trabalho até hoje. No início da carreira, continuei trabalhando nos pré vestibulares, mas consegui dois outros empregos que foram muito importantes. No Colégio de São Bento tive oportunidade de ter turmas dos três anos do segundo grau (atual Ensino Médio) e aprendi como me fazer entender e como exigir adequadamente de alunos de cada série. Na mesma época fui contratado para ser professor de Cálculo na Escola Naval o que me permitiu também aprender a conhecer e me relacionar como professor com alunos do curso superior. De lá para cá tenho trabalhado sempre em níveis diferentes. Trabalhar na educação básica dá mais trabalho que no ensino superior, é verdade, mas isso não é o mais importante nem é o que você está perguntando sobre o melhor e o pior. Em qualquer nível, o melhor é ver a satisfação espontânea do aluno que entendeu o que expliquei e o pior é ver o aluno disperso ou de cara aborrecida, apesar do esforço que fiz para conseguir sua atenção.

  • O que veio primeiro: O dom de desenhos perfeitos ou foi o treinamento para essa área (engenharia civil) escolhida que o levou a isso?

Não tenho esse dom. Quando adolescente gostava de desenhar, desenhar qualquer coisa e, frequentemente, repetia um mesmo desenho várias vezes procurando faze-lo melhor. Sempre prestei atenção na arrumação e na estética das coisas e isso foi se refletindo nas minhas atitudes e também nas minhas aulas. Até hoje sou muito crítico em todo o que faço e, quando percebo que algo não saiu bem, procuro sempre me preparar melhor para a próxima vez.

O treinamento para a engenharia e na engenharia ajudou também. Quando trabalhava no cursinho, havia um professor de geometria descritiva e perspectiva que era também arquiteto e tinha um traço perfeito. Aprendi muito com ele. No mais, não há nada muito artístico, só bastante treino.

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Aula do Programa PAPMEM, 2010.

  • O senhor foi um dos fundadores do PAPMEM, Programa de Aperfeiçoamento de Professores do Ensino Médio que surgiu em 1990. Suas aulas do Vídeo Impa são assistidas, admiradas e fontes de inspiração para professores de todo o país. Como o senhor se envolveu nesse projeto?

Em 1990 o prof. Elon era diretor do IMPA e recebeu uma proposta da Fundação Vitae para financiar um projeto de aperfeiçoamento de professores de Matemática. Ele aceitou na hora e escolheu sua equipe para planejar o primeiro curso. Chamou a mim e a Morgado porque já trabalhávamos juntos no comitê editorial da Revista do Professor de Matemática e sabia que tínhamos bastante experiência no ensino de segundo grau (o ensino médio da época), conhecíamos muitas escolas e um número bem grande de professores. Chamou também Paulo Cezar (Pinto Carvalho) que era pesquisador no IMPA, e também conhecia muito o ensino e os professores, pois sempre esteve trabalhando em cursos e escolas.

Os primeiros cursos foram realizados aqui no Rio de Janeiro durante duas semanas em regime de imersão total. Isto significa que os participantes ficavam hospedados em algum lugar sem poder sair durante o tempo do curso, com aulas pela manhã, outras atividades pela tarde e estudo à noite. O Papmem fez muito sucesso desde o início, pois era uma atividade bem planejada, bem executada muito útil para os professores, agradável e inteiramente grátis. Na época, não havia nada parecido.

Percebemos logo que estávamos trabalhando bem, mas atingindo poucos professores. Assim que a tecnologia permitiu, passamos a gravar as aulas e transmiti-las em tempo real para outros polos que puderam reunir professores para participar. Hoje temos mais de 60 polos que participam do Papmem reunindo mais de 5000 professores por vez, distribuídos em todo país. Ainda é certamente pouco, mas pensando no efeito multiplicador que cada professor participante pode ter, ficamos mais animados.

 

  • Sendo membro do Comitê Executivo da Olimpíada Brasileira de Matemática onde publicou alguns artigos ( PARIDADE, PROBLEMAS ANTIGOS E O TRIÂNGULO E SUAS PRINCIPAIS CIRCUNFERÊNCIAS), autor de diversos livros dedicados ao professor de Matemática e ao treinamento para as olimpíadas, membro do Comitê Editorial da RPM (Revista do professor de Matemática), existe ainda alguma contribuição, para o ensino da matemática, que o senhor sonha em dar e ainda não conseguiu colocar em prática?

Claro que sim. Quanto à Olimpíada Brasileira de Matemática conseguimos ampliar o Comitê Executivo agregando, principalmente, jovens ex-olímpicos, brilhantes, entusiasmados e atualizadíssimos em relação às recentes publicações. Escrevi alguns artigos para a revista Eureka quando estava no início, mas agora ela tem recebido farta contribuição dos autores jovens, o que me deixa muito contente, pela revista e pelos novos autores.

A RPM, por sua vez, está melhor e mais bonita. Está atingindo um público grande pela sua tiragem e sabemos que está sendo utilizada em muitos cursos de Licenciatura em Matemática, o que nos deixa muito satisfeitos. Para o futuro quero publicar mais e gravar mais aulas sempre dedicando a atenção ao professor do Ensino Médio.

  • Que orientações daria ao nosso professor leitor que gostaria de ter um artigo publicado na RPM?

Em primeiro lugar o candidato a autor deve ler com cuidado alguns números a revista e observar como são os artigos. O artigo não pode ser grande demais (pois a revista tem número limitado de páginas) e não deve ter contas demais. Em segundo lugar ele deve consultar o índice da RPM para verificar se já não foi publicado algo muito parecido com o que está pensando em enviar. Finalmente, é desejável que o artigo seja escrito pensando nas pessoas que vão lê-lo. Deve começar dizendo o que vai ser tratado, qual é o objetivo do artigo e, a seguir, desenvolvê-lo usando linguagem simples, porém precisa.

Gostaria de aproveitar para estimular os professores a escrever. É um ótimo exercício desenvolver e transmitir por escrito uma boa ideia.

  • “Nos últimos anos tem surgido várias iniciativas para estimular e incentivar o estudo da matemática entre os alunos da educação básica, uma delas é a OBMEP, que já está em sua 10º edição e atinge praticamente a totalidade dos municípios brasileiros. Podemos dizer que as olimpíadas de matemática chegaram às escolas para ficar e que hoje são as principais responsáveis pela descoberta de novos talentos matemáticos?”

Sem dúvida. No Brasil temos a OBM e a OBMEP que estão bem sólidas, temos as olimpíadas estaduais que também já são permanentes e muitos colégios realizam suas próprias olimpíadas de Matemática como atividade oficial do calendário escolar. É certo que, com as olimpíadas, muitos talentos são descobertos o que é muito bom, pois de outra forma é bastante provável que diversos alunos talentosos passassem despercebidos. O nosso “Medalha Fields” Artur Ávila começou a ficar conhecido através das olimpíadas.

Entretanto, a descoberta de talentos não é o principal objetivo O objetivo primeiro das olimpíadas é proporcionar a uma quantidade muito grande de alunos a oportunidade de trabalhar com Matemática em problemas criativos, desafiadores e, frequentemente, além do normalmente burocrático currículo escolar. De alguma forma as olimpíadas podem influenciar alunos despertando a curiosidade e o gosto pela Matemática, melhorando o estudo e o desempenho nessa matéria.

  • Prof. Eduardo, sabemos que o senhor fez treinamento de alunos para olimpíadas. Como é feito esse trabalho hoje? Qual a orientação que o senhor daria para os professores para que pudessem fazer um trabalho com os alunos?

Quando estava envolvido com treinamento de alunos, a OBM era ainda bem pequena. Listas de exercícios eram enviadas pelo correio aos interessados e havia aulas presenciais na PUC do Rio de Janeiro aos sábados que qualquer aluno podia assistir. De lá para cá a coisa aumentou muito. Diversas olimpíadas estaduais realizam aulas de treinamento e, recentemente, a OBMEP e a OBM, com o suporte do IMPA instituíram o POTI (Polos Olímpicos de Treinamento Intensivo) onde ao longo de todo o ano, cursos gratuitos de Matemática são oferecidos para os estudantes de todo o Brasil.

Para os alunos distantes desses polos, as aulas estão sendo gravadas e podem ser assistidas gratuitamente em  http://poti.impa.br/index.php/videos

  • No 1° Simpósio da Formação do Professor de Matemática da Região Sul, realizado na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), de 16 a 18 de maio de 2014, o senhor proferiu a Palestra: A Geometria no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, e outras histórias, em que abordou, entre outras histórias, o desempenho do Brasil no PISA, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, ocupando o 57º lugar entre os 65 países avaliados em 2012. A Finlândia, primeiro lugar no Ranking, tem uma realidade sócia econômica muito distante da nossa e que é fundamental para esse resultado. O que poderíamos fazer, no momento, de mais concreto, em sua opinião, para melhorar essa nossa posição? Que políticas públicas poderiam ser inovadoras para atingir esse objetivo? http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliacao-de-alunos

Pergunta difícil essa. Não há, é claro, uma resposta precisa, mas podemos observar algumas coisas. Mesmo comparando indevidamente realidades geográficas, populacionais e econômicas muito diferentes, é importante saber que em 1960 o PIB per capita da Coreia era a metade do PIB per capita do Brasil e, nessa época a Coreia iniciou um programa bem planejado de melhoria da educação em todos os níveis com grandes investimentos de recursos e de esforço. Pois bem, de lá para cá, o PIB per capita do Brasil aumentou 5 vezes e o da Coreia aumentou 35 vezes! E isso é o resultado do investimento maciço em educação que fizeram.

Nos últimos 10 anos a educação básica no Brasil, em média, ficou estagnada. Isso é uma notícia ruim, pois perdemos uma década enquanto outros países avançaram. No PISA, nesses últimos 10 anos, os estudantes brasileiros mostraram uma expressiva melhora em Matemática, mas ficaram no mesmo nível em linguagem e ciências. Note que essa elogiada melhora em Matemática não se deveu a nenhuma iniciativa do governo e, por isso, deve ser creditada à soma de muitas iniciativas particulares como os cursos de aperfeiçoamento de professores, congressos, simpósios, publicações, Olimpíadas, etc.

Você perguntou o que poderíamos fazer para mudar esse quadro e minha opinião é a seguinte. As iniciativas particulares estão contribuindo para a melhoria do ensino de Matemática e desempenho dos alunos, mas o alcance delas é relativamente pequeno. Além disso, a educação tem muitas coisas além da Matemática que precisam ser cuidadas. E dá uma tristeza grande e ver em letras grandes que, de acordo com o último Ideb o Ensino Médio nas nossas escolas piorou.

É necessário e urgente que o Ministério da Educação, seja de que governo for, comece por estudar as iniciativas que deram certo em outros países e tenha a coragem de fazer um planejamento sério, de longo prazo, digamos 30 anos, para o desenvolvimento da educação básica, com currículos modernos e metas ambiciosas, precisa aprovar o orçamento no Congresso nacional e executar o projeto, com rígido controle, avaliação permanente e que, tudo isso seja independente de partidos políticos e de ideologias.

  • No SITE da SBM – Sociedade Brasileira de Matemática – nos deparamos com notícias fantásticas:
  • Artur Ávila, pesquisador do IMPA e do CNRS, tornou-se aos 35 anos o primeiro brasileiro a ganhar a Medalha Fields.
  • Brasil volta da Bulgária com 24 medalhas no mundial de matemática universitária, sendo 2 de ouro (First Prize), 12 de prata (Second Prize) e 10 de bronze. (Third Prize).

Além da SBM, ANPMat, mídias em geral, que atitudes poderíamos vislumbrar para que esses colegas pudessem se elevar ao status de “super heróis” em todos os distantes rincões de nosso país com o objetivo de incentivar e desmitificar  o aprendizado de matemática?

Não acho que devemos rotular esses expoentes como “super herois”. Eles são pessoas como nós, muito talentosos certamente, mas o sucesso deveu-se principalmente à vontade, à determinação e ao esforço. Fugindo um pouco do assunto, mas não da ideia, quando tinha uns 15 anos, meu professor de piano dizia que para tocar bem era necessário 10% de talento e 90% se suor.

Em Matemática é assim também e não há o que “desmistificar” como você citou na pergunta. O que é preciso dizer aos alunos é que aprender bem alguma coisa, dá trabalho, demanda esforço. E isso vale para todas as atividades da vida: não há caminho fácil para o sucesso.

  • O senhor participou do PROFMAT, Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional, desde o início de sua criação. Atuou em sala de aula desde a primeira turma (Turma 2011), ajudou na elaboração do material didático e foi membro da Comissão Acadêmica Nacional do PROFMAT. Com toda essa experiência, em sua opinião, o programa está atingindo os seus objetivos? Quais são as suas expectativas com relação ao futuro dos egressos do PROFMAT?

O Profmat é um sucesso, reconhecido e está atingindo plenamente seus objetivos. Estamos no terceiro ano e vejo toda semana, desde o início do programa até hoje, a empolgação e a dedicação dos participantes. O programa do Profmat não é fácil, ao contrário, necessita de muito esforço dos professores/alunos e, ainda mais, se levarmos em conta que eles continuam como professores em suas escolas e com todo o trabalho que sempre tiveram.

Hoje tive aula com eles (sou professor de MA13 no Impa), vi que estavam nervosos porque a primeira avaliação será semana que vem, mas vi também que estavam felizes, integrados, dividindo dúvidas e soluções, enfim, participando completamente.

Tenho encontrado e conversado com muitos professoes-mestres egressos do Profmat e quero registrar que todos reconhecem a excelência do programa, a dureza do trabalho que foram submetidos e o prazer em receber o sonhado título de Mestre.

Os novos mestres são, por sua vez, divulgadores do Profmat, o que deve alimentar a procura por vários anos, eu creio.

  • O senhor orientou trabalhos de conclusão de curso do PROFMAT no IMPA, não é mesmo? Destes trabalhos alguns estão diretamente relacionados ao ensino da matemática na educação básica? Poderia destacar algum destes trabalhos?

Sim, claro. Um dos trabalhos que mais me impressionaram foi dos alunos Julio Pontes e Rafael Luz cujo título é “AVALIAÇÃO DE DIFERENTES METODOLOGIAS APLICADA AO ENSINO DE GEOMETRIA”. Nesse trabalho eles testaram duas metodologias: o modelo de Van Hiele e o modelo de solução de problemas para abordar o Teorema de Pitágoras. Em uma escola, selecionaram duas turmas de 9° ano, aplicaram uma metodologia diferente a cada turma e depois, ambas fizeram a mesma avaliação. Em seguida, repetiram a mesma coisa em outra escola com alunos de poder aquisitivo diferente e bom tratamento estatístico das experiências permitiu analisar com clareza os resultados. Foi interessantíssimo.

  • Sabemos que o senhor publicou um livro na Coleção PROFMAT da Editora SBM.Existe algum projeto para novas publicações?

Os livros da Coleção Profmat para as matérias básicas ficaram prontos ano passado e estão sendo utilizados este ano. Vários outros livros das matérias eletivas também já estão disponíveis e a Coleção está aumentando. Estou pensando seriamente em escrever um livro para a matéria MA39 que é um curso avançado de Geometria Espacial. Prometo começar assim que tiver um tempinho.

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Capa do livro Temas e Problemas Elementares, Coleção PROFMAT

  • Nesse mês de agosto, a Assembleia Geral da IMU (International Mathematical Union) aprovou a realização do ICM 2018 no Rio de Janeiro, por unanimidade. Comente um pouco sobre mais esta conquista do Brasil e se alguma atividade está sendo planejada.

O Congresso Internacional de Matemáticos é o evento mais importante do mundo na área da Matemática. Nesse evento são relatados os resultados mais recentes das pesquisas em todas as áreas da Matemática e é também nesse evento que são anunciados os ganhadores dos prêmios importantes, incluindo o mais importante que é a Medalha Fields. Será a primeira vez que o ICM será realizado na América Latina o que dará ao Brasil uma projeção especial.

Respondendo à segunda parte da pergunta, vou dar uma notícia ainda pouco conhecida. Em 2017 o Brasil vai sediar a IMO (Olimpíada Internacional de Matemática). Será um enorme evento, reunindo participantes de cerca de 100 países envolvendo centenas de pessoas falando dezenas de idiomas, podem imaginar? Essa organização altamente complexa está sendo feita pela OBM com o apoio da SBM e do IMPA. A Olimpíada Internacional de Matemática é realizada todos os anos, em cada ano, em um país diferente. Começou na Romenia em 1959 com 7 países participantes e em 2009 teve 104 países participantes. Vamos esperar para ver quantos países estarão aqui em 2017.

  • Foi uma honra tê-lo aqui no nosso Café com ANPMat. Que mensagem gostaria de deixar para nosso professor leitor?

O professor influencia os alunos muito mais do que os conhecimentos que transmite. Em cada aula os alunos assimilam do professor algo da matéria que está ensinando, mas percebem suas atitudes, sua voz, sua dicção, como está vestido, seu estado de espírito (calmo, nervoso, triste, alegre, etc.), seu carinho, sua disposição, sua empolgação, sua atenção no tratamento com cada aluno, ou seja, os alunos percebem a totalidade do professor. É por isso que cada um de nós pode citar alguns professores que ficaram marcados, que nunca esquecemos. Procure ser um desses.